sábado, 25 de setembro de 2010

ENTREVISTA COM ARACELI LEMOS - Candidata a Deputada Estadual

Professora da rede pública de ensino em Castanhal, tornou-se dirigente das lutas dos trabalhadores em educação desse município e, mais tarde, coordenadora estadual do SINTEPP e da antiga Intersindical dos Servidores Públicos do Estado, além de fundadora do Fórum Paraense em Defesa da Moradia.
Como deputada estadual por duas legislaturas, entre os anos de 1998 e 2006. Foi considerada a melhor deputada estadual pelo Observatório da Cidadania, do Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), reconhecimento a sua ação em defesa da infância, da educação e dos direitos humanos.
Atualmente exerce o cargo de presidenta estadual do PSOL, assessora do mandato do Senador José Nery, membro da Comissão de Justiça e Paz (CJP)/ CNBB, apresentadora de programa de rádio e membro da Academia Castanhalense de Letras.
Como educadora, esteve na defesa de uma educação pública de qualidade, com salários mais dignos e principalmente, melhoria na qualidade do ensino, por acreditar que a deficiência na educação e ausência de políticas de governo que valorizem a juventude, a educação, o lazer o mercado de trabalho, são determinantes na barbárie do extermínio da juventude, no qual os jovens e até crianças, são vítimas e autoras.
O ECA, que há pouco completou a maior idade, é outra forte da defesa de Araceli, assim como a convicção de que a redução da maioridade penal deve ser combatida e a infância e juventude protegida e estimulada ao protagonismo.
O campo da educação e juventude Araceli acredita que: há fortes sinais de aprofundamento da desigualdade social no Brasil, a começar pelo aumento vertiginoso da violência, que atinge principalmente a juventude. A violência cresce na mesma proporção da falta de emprego, renda digna, educação e serviços públicos de qualidade para a maioria da população. No Pará, os dramas sociais alcançam níveis estarrecedores, que reduzem drasticamente a perspectiva de futuro digno para as crianças e jovens: rede pública de ensino sucateada, com professores, técnicos e funcionários mal pagos; caos na saúde, em todos os níveis de atenção; trabalho e prostituição infanto-juvenil elevados; violência e criminalidade fora de controle, inclusive pela falta de políticas de cultura e lazer para a juventude. Cenário que só pode ser superado com a construção de uma alternativa de esquerda ao atual modelo de desenvolvimento, apoiada na força do povo e da juventude.
Araceli preferiu mudar de partido a mudar de lado na luta política e poderá defender com a mesma firmeza do passado, entre outras, as bandeiras de luta dos trabalhadores em educação e da juventude estudantil.
Conheça algumas propostas de Araceli Lemos.
Fonte: http://aracelilemos.blogspot.com/ e assessoria da candidata

ENTREVISTA AO BOCA DE FERRO


1- Como educadora, quais soluções a senhora enxerga para os índices tão negativos da educação no Pará?

As soluções são aquelas propostas por todos os fóruns democráticos e representativos dos segmentos sociais interessados na superação desses índices, tais como: educadores, estudantes, todos os que sentem os efeitos da  crise em que a educação está imersa no Pará.
Soluções que supõem uma inabalável disposição do governo para enfrentar o problema do financiamento; profissionalizar as instâncias gestoras do setor; valorizar de fato os trabalhadores em educação, garantindo salários dignos e formação continuada;  democratizar a escola pública em todos os níveis no sentido de que a mesma se torne um espaço agradável aos alunos, aberto à comunidade e a seus mais legítimos valores culturais,  e de formação para a cidadania.
Um projeto de educação fundado no pressuposto de que a educação de qualidade é dever do Estado e direito de todos, indistintamente.

2- Sabemos que há décadas atrás o ensino público foi escola para grandes intelectuais do Brasil, numa época em que o sistema político era autoritário e fechado. O que aconteceu para que em tempos de democracia a educação apresentasse um cenário tão caótico nas escolas públicas?

A escola pública de qualidade, que formava praticamente toda a intelectualidade brasileira, antecede a ditadura militar implantada em 1964, embora, seja certo que preservou aquela qualidade até o período referido. Mas é certo também que o declínio da escola pública iniciou-se nos últimos anos daquele regime autoritário,  com o endividamento sem precedentes do Estado brasileiro e para nunca mais deixar de aprofundar-se.
Aconteceu que a expansão do ensino público se deu em detrimento de sua  qualidade, da socialização de recursos financeiros e materiais cada vez mais reduzidos, além de sujeitos a desvios escandalosos para fins estranhos à educação pública.  

3- A senhora acredita que o fato de não mais poder reprovar alunos é com certeza uma alternativa positiva no sistema de ensino público?

Sim. A reprovação como norma era algo terrível para enormes contingentes de crianças e jovens que, por diferentes razões, não conseguiam acompanhar o ritmo do processo de ensino-aprendizagem convencional. Por que reprovar um aluno que teve desempenho insatisfatório em disciplinas isoladas, obrigando-o a repetir aulas e provas em disciplinas em que teve bom desempenho? Por que constrangê-lo, desestimulá-lo, induzi-lo a evasão se é pedagogicamente viável proporcionar a esse aluno estudos complementares no ano seguinte? O real problema da educação é outro, já identificado na primeira pergunta: a escola pública está em crise profunda, abandonada pelos governos de plantão. Nela é possível que um aluno conquiste aprovação plena sem ter acumulado saber comparável ao saber exigido no passado.

   
4- A senhora acredita que a juventude do país é capaz de promover mudanças, como em 1964?

Sim. Embora as condições subjetivas sejam muito diferentes daquelas que moviam a juventude durante a ditadura, os jovens têm um imenso potencial transformador. Sua aparente indisposição para a luta transformadora acompanha, de certa forma, a mudança de atitude daqueles que, após representarem a utopia juvenil, acabaram cedendo aos encantos e até se igualando às elites tradicionais. A aliança de Lula e do PT com Collor de Melo é emblemática desse processo. Tão importante quanto analisar o afastamento dos jovens da luta política necessária para afirmar uma alternativa de esquerda à ordem vigente é analisar o fato de terem aderido a esta mesma ordem a maioria daqueles que ganharam notoriedade porque a combatiam na juventude.

5- Em tempos de Orkut, Twitter, Facebook e Youtube, a senhora comunga da idéia de que os jovens brasileiros estão sofrendo com uma espécie de “alienação digital”?

A utopia socialista está em crise momentânea, por razões que não têm a ver com esses novos meios de comunicação, que contribuem apenas para evidenciar a crise. Ao contrário, esses meios são conquistas que tendem a ser utilizadas cada vez mais para difundir os mais caros valores humanos e o debate em torno da construção de uma nova sociedade. Não é a primeira vez, na história do Brasil e da humanidade, que a juventude parece alheia ao debate político; e já houve fenômeno muito pior: a adesão de imensas massas juvenis a projetos reacionários. Um fenômeno momentâneo, posto que a verdadeira vocação histórica da humanidade e da juventude em especial é a igualdade social, o socialismo.


6- Como consegui fazer com que os eleitores acreditem que ainda há uma oposição de esquerda no Brasil?

Trata-se de algo muito difícil ante a enorme confusão criada pelo governo Lula no seio dos movimentos sociais quanto à verdadeira representação da esquerda no Brasil, agravada pelo bloqueio da grande mídia a uma alternativa que representamos. Para mim e camaradas de partido somos uma alternativa em processo de construção, ou de reconstrução do projeto socialista.


7- A senhora pode afirmar com extrema certeza que com o PSOL a política será feita de forma eficiente? Como?

O PSOL não pretende ser reconhecido por nenhuma eficiência que signifique preservar ou reciclar esta ordem capitalista, concentradora de riqueza nas mãos de poucos, excludente da maioria. A eficiência que reivindicamos e que estamos demonstrando ter para enfrentar os poderosos e nos credenciar para o diálogo com milhões de trabalhadores desmobilizados ou mesmo iludidos com as políticas hegemônicas. Temos sido sim muito eficientes nesta luta. 


8- Vale tudo para chegar, e até mesmo manter-se, nos cargos mais expressivos da política, inclusive alianças aparentemente incoerentes?

Quero lembrar que somos uma prova viva de que é possível fazer política com outro tipo de inspiração e interesse. Deixamos o PT depois que esse partido chegou ao governo do país, quando mais poderíamos usufruir das vantagens políticas e financeiras que os governos costumam proporcionar às suas bases de sustentação.  Recusamo-nos a fazer parte desse jogo; optamos por começar de novo, por construir um novo partido e adotar todas as medidas possíveis para torná-lo digno da confiança dos trabalhadores e autênticos lutadores sociais.


9- Muitos escândalos rondaram o PT em 8 anos do presidente Lula. Por que o PT, partido que a senhora fez parte por muito tempo, não manteve as convicções da época em que era visto como uma oposição “radical” e que dizia ser também a solução para o Brasil?

Uma tese que começou bastante minoritária foi ganhando a adesão de parcelas crescentes da base partidária: não há maneira de chegar ao governo e ao poder e transformar o Brasil sem alianças com partidos e forças políticas situadas a sua direita; depois da conquista, o partido vai impor seu projeto socialista aos demais partidos.  Mas aconteceu o que era perfeitamente previsível: alianças espúrias dependem de concessões programáticas que violam o projeto original. Os escândalos em que o PT se envolveu são uma decorrência dessas concessões: o partido assimilou e tomou para si o ideário e as políticas implementadas pelos ex- adversários.    

10- O problema está nos partidos políticos, nos homens e mulheres que chegam ao poder ou está num sistema político extremamente contaminado pela corrupção?

Sem nenhuma dúvida, reside no sistema; fundamentalmente no sistema. Existirá em todos os governos determinados ou convencidos de que é possível melhorar a vida do povo preservando este sistema, preservando suas instituições, ainda que promovendo mudanças pontuais e mais políticas compensatórias. A solução para o problema passa pela construção de uma alternativa que possa ser compreendida pelo povo, mas aponte para uma transformação profunda do sistema.     

11- As mulheres estão cada vez mais presentes na vida política, mas ainda não na mesma proporção que os homens. As mulheres estão realmente fazendo a diferença na política brasileira? Como?

As mulheres que conquistaram posições nas instâncias de poder vêm provando que a condição feminina nada tem de inferior à condição masculina, que são tão capazes quanto os homens. Mas somos minorias reduzidas nessas instâncias porque a luta política continua muito desigual, inclusive nos sindicatos e organizações populares, nos partidos políticos e nos partidos de esquerda. O PSOL debate essa questão de forma a dar conseqüências práticas ao fato de ter como presidenta nacional e principal liderança a Heloísa Helena. No Pará e em Belém, por motivo semelhante: sou presidenta estadual e Marinor Brito é presidenta em Belém. Trata-se da necessidade de reconhecer, incentivar e valorizar o protagonismo das mulheres no partido e nos movimentos sociais que o mesmo influencia, como medida estratégica: não haverá a sociedade justa e igualitária enquanto as mulheres continuarem menos iguais e sem que as mulheres possam desempenhar papel decisivo em sua construção.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CARLOS BORDALO - Candidato a Deputado Estadual

O deputado Bordalo nasceu na região do Marajó, no município de Curralinho. A trajetória dele começou no bairro da Sacramenta, na Pastoral da Juventude da Paróquia de São Sebastião.
Nos anos 70, Bordalo foi convidado a participar da equipe de técnicos da Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE) onde trabalhou em atividades na área de educação popular e ajudou a fundar muitos sindicatos de trabalhadores, principalmente no Nordeste do Pará, onde passou 13 anos desenvolvendo ações para o crescimento da Agricultura Familiar, para cobrar dos governos a criação de linha de crédito acessível, assistência técnica, maiores investimentos em saúde, educação e infra-estrutura. Em Belém, Bordalo ajudou também na organização de trabalhadores de várias categorias, o que resultou no surgimento de alguns sindicatos fortes e combativos como o dos rodoviários e da construção civil.

Na sequência, em 1999, Bordalo foi convidado pelo então prefeito de Belém para ocupar o cargo de administrador do Distrito Administrativo Sacramenta (DASAC), quando coordenou a execução de obras como a construção da Aldeia Cabana de Cultura Amazônica e da Praça São Sebastião; asfaltamento da Passagem das Flores; revitalização da Av. Marquês de Herval e da Feira da Sacramenta; recapeamento asfáltico da Av. Senador Lemos e das passagens Vila Nova e Santos Dumont. Ele também teve importante participação no Comitê Assessor do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, além de articular junto ao Governo do Povo a execução do projeto de drenagem e urbanização da área de ocupação denominada "Malvinas".
Em 2001 Bordalo coordenou a Secretaria Municipal de Economia e o Banco do Povo. Em 2004 Bordalo foi eleito vereador. Em seguida se propôs a ser Deputado Estadual. Bordalo já aprovou 14 leis, nas áreas de segurança pública, saúde, turismo, lazer e desenvolvimento social. E por isso, representa a Assembléia Legislativa no Conselho Estadual de Segurança do Estado, o Consep.


1-    O que seus eleitores podem esperar para um possível segundo mandato na AL?
Meus eleitores podem esperar muito empenho e trabalho no Parlamento Estadual, pois irei continuar defendendo os direitos do Pará, apoiando a agricultura familiar, os trabalhadores e trabalhadoras rurais, os investimentos para as áreas da saúde, segurança pública, infraestrutura e cidadania. Também vou continuar lutando pelos direitos da juventude, para mais oportunidades. Outro ponto é dar sequência ao trabalho de combate à exploração sexual infanto-juvenil. E envolto à tudo isso, quero continuar trabalhando pelo desenvolvimento dos nossos municípios, em parceira com os prefeitos e vereadores, na certeza de que a cada dia possamos melhorar a qualidade de vida do nosso povo. E por fim, quero garantir a defesa do governo democrático e popular, buscando a melhoria da vida da nossa gente.

2-    Nossos jovens, no Brasil inteiro, estão cada vez mais próximos da criminalidade e mais cedo do que se pensa. Como afastá-los desta situação?
Como você disse esse é um problema geral, do Brasil, mas aqui temos que reforçar as políticas públicas de combate à criminalidade, fortalecendo instrumentos como os Programas Bolsa Trabalho e Bolsa Talento, melhorando a prevenção cidadã, construindo espaços de lazer e criando espaços para o sistema social: nossos conselhos tutelares, nossas paróquias, centros comunitários, etc. Na certeza de que, juntos, possamos mudar esse paradigma.

3-    Deputado, em anos de eleição muito se fala em soluções para problemas na saúde, educação e segurança pública, mas efetivamente os índices negativos só aumentam. O senhor acredita que este cenário de abandono pode mudar? Como?
Acho que não existe este fator de abandono. É necessário afirmar que existem investimentos em vários setores, e que precisam ser dialogados com as administrações municipais. Em várias regiões as mudanças estão acontecendo, no Pará isso não é diferente.

4-    As questões fundiárias em nosso estado são um calo bastante desagradável em nossa história. Em sua opinião é possível fazer uma reforma justa? E porque até agora ela não foi feita?

O Governo Popular está fazendo a reforma agrária de maneira coerente.

5-    Percebemos que assim como o senhor, outros candidatos do PT quando se referem aos trabalhos positivos do ex-prefeito Edimilson Rodrigues, se referem como “o prefeito da época” ou “governo do povo”. Existem mágoas entre o PT e os dissidentes que fundaram o PSOL?   

A política não pode ser feita com ódio, temos que valorizar a política como instrumento de mudanças, ou seja, não devemos ter magoas nem rancores, por isso, a gestão do Governo do Povo, que era uma gestão petista, representava o partido.

6-    E por outro lado vemos que o PT se sente muito confortável com Jader Barbalho e Duciomar Costa. Como podemos entender essa incoerência?

Estamos tratando com partidos e não com pessoas, por isso o PT decidiu fazer alianças, assim como os outros partidos também estão livres para se aliar com outros partidos importantes.

7-    Deputado, percebemos que a descrença na política e nos políticos brasileiros é uma realidade, principalmente entre os jovens, que não levam a sério as promessas, as soluções milagrosas que surgem nas propagandas eleitorais. Como estimular o voto diante destas circunstâncias?

Tenho um conjunto de propostas ligadas ao tema, com intuito de assegurar os direitos para os jovens. As principais são: debate da Meia Passagem Intermunicipal, aprovada pelo Governo do Estado e que está já está vigorando, apresentação da “PEC da Juventude”, incluindo o termo “Jovem” na Constituição, e assegurando que o Estado proteja os direitos econômicos, sociais e culturais dos jovens. Além disso, apresentei a “PEC da juventude rural” incluindo moças e rapazes de 16 a 24 anos na seleção pública para os serviços de assistência técnica e extensão rural. Outra PEC estabelece a reserva de 30% das vagas ofertadas nos concursos públicos para a faixa etária de 18 a 29 anos, em todos os níveis.

8-    Um clichê em discursos é: “o jovem é o futuro do nosso país”. Esse futuro chegará quando?

Antes de pensar no futuro é necessário pensar no presente dos jovens. Com apoio do Lula e da governadora Ana Júlia surgem políticas públicas funcionais. São ações que quebram as barreiras, é o caso do Bolsa Trabalho, Bolsa Talento, ProJovem, Bolsa Família. Uma rede de proteção e assistência fundamental para que não haja descontinuidade.

09- Como o senhor define seus primeiros 4 anos de mandato como deputado estadual?

Meu primeiro mandato se voltou para apoiar o desenvolvimento dos municípios, abrindo portas para prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadoras, lideranças sindicais, movimentos sociais e centenas de agricultores familiares.
Viabilizei emendas parlamentares para criar sistemas de abastecimento de água, luz para as vilas, construção de quadras esportivas, pavimentação de ruas e qualificação profissional.
Lutei e consegui instalar a CPI da Pedofilia na Assembleia Legislativa e trabalhei para melhorar a segurança pública.
Em Belém, trabalhei para a melhoria do trânsito, através do Ação Metrópole. Também trabalhei para viabilizar o Programa Bolsa Trabalho e a Meia Passagem Intermunicipal.
Lutei pela aprovação da autorização de empréstimo para aquisição de mais de 500 máquinas para os municípios, melhorando as estradas vicinais. Também ajudei a aprovar o empréstimo de 366 milhões de reais que vai levar infra-estrutura e serviços para os nossos municípios.

10- Com Carlos Bordalo o que muda na política do nosso Estado?

Nasci na região do Marajó, no município de Curralinho e desde jovem entendi a importância da política para melhorar a vida de todos. O mandato estadual busca lutar pelos direitos das pessoas. É isso que quero garantir para nossa sociedade, mais desenvolvimento, mais segurança, mais políticas públicas de incentivo a qualificação profissional dos nossos jovens, mais emprego e renda, etc. Não esqueça. Para saber mais da atuação parlamentar do deputado Bordalo, suas propostas e como anda a campanha rumo à reeleição acesse nosso blog:www.bordalo13.blogspot.com, ou nosso portal da campanha: www.bordalo.com.br. Se preferir mandar sugestões ou fazer questionamentos e-mail é:bordalo13@yahoo.com.br 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

PROFESSOR MÁRIO - Candidato a Deputado Federal

Licenciado Pleno em Matemática pela Universidade Federal do Pará e Pós Graduado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), São Paulo, em 1981 com Mestrado em Matemática Aplicada. Atualmente é professor adjunto IV da UFPa e UEPa. Em sua trajetória política ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores - PT em nosso Estado. No movimento Sindical participou da fundação da CUT, Vice-Norte da ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes (89/90) e presidente da ADUFPa (92), em 95/96 tornou-se vereador de Belém, com destacada atuação no parlamento, Reitor eleito (96), na UEPA, não tomou posse devido a perseguição política do Governo Almir Gabriel. Participou da coordenação de campanha eleitoral vitoriosa do Prefeito Edmilson Rodrigues (1996), tornando-se Secretário de Administração no período 1997/1998. Eleito em 1998, deputado Estadual, sendo reeleito em 2002. Candidato ao Senado em 2006, obtendo aproximadamente novecentos mil votos. Em 2007, foi Secretário Estadual de Educação. Em 2008 candidato a Prefeitura de Belém pelo Partido dos Trabalhadores. 
(fonte: amigosdoprofessormariocardoso@gmail.com)


Entrevista ao Boca de Ferro




1- Hoje apesar de um relativo acesso fácil à informação, os jovens não conseguem ter uma consciência política sólida, como há décadas atrás. O que mudou de lá pra cá? Por que os estudantes, por exemplo, não conseguem se mobilizar como antes?

Não concordo que o jovem não tem uma consciência política, tanto que a Juventude Brasileira continua sendo protagonista de uma centena de vitorias e transformações sociais, só que agora não há uma bandeira única, cada jovem se organiza a partir de seu segmento (mulheres, LGBT, Hip Hop, cultura....). Mas concordo que nem tudo são rosas, pois apesar de estarmos num mundo de muita informação, dito globalizado, o fato é que ainda estamos sob a égide do mesmo sistema, que além de excludente, se fundamenta na promoção da superficialidade e individualidade. Na verdade, o jovem apenas acompanha o reflexo do avanço desse sistema, que impunha a ele uma nova conjuntura, onde os desejos individuais são mais importantes que as conquistas coletivas.


Obvio que isso não acontece por acaso, vimos governos passados, ajudados pela grande mídia, tratarem os jovens organizados como baderneiros, vagabundos, vândalos, criando um sentimento de que a mobilização é fruto de “esquerdismo” e não de construção social. No período da ditadura, por exemplo, os jovens tinham uma única bandeira para seguir, era à luta pela liberdade, hoje as bandeiras não estão especificas e a pluralidade da juventude dificulta sua organização, também é fato que nos anos de governo FHC as ferramentas de organizações juvenis foram fortemente atacadas, somando ao declínio da educação, começaram a tratar o jovem, antes protagonistas das mudanças sociais, como mero expectadores televisivos de programas com muito entretenimento e quase nenhuma cultura.
Mas a juventude ainda é corajosa, garantiram políticas como as cotas, ocuparam o Senado Federal, organizaram passeatas, agora mesmo, os estudantes brasileiros se mobilizam para lutar pela cota do Pré-Sal, para 50% de sua arrecadação seja vinculada a educação. Na nossa própria campanha à Deputado Federal, temos vário jovens a frente nossa coordenação de campanha.

 2- Em ano de eleição é fácil encontrar candidatos que dizem ter a solução para as questões básicas, como saúde e educação, mas quando assumem além de não resolver tais problemas ainda culpam a administração anterior. Por que isso acontece?
O fato é que a resposta para esses problemas são quase as mesmas, a final essas questões estão presentes e assumem uma das maiores dificuldades sociais de nosso país desde nosso descobrimento. A diferença esta no trato com a administração publica, eu ainda acredito que só com seriedade, projeto, e muito trabalho é que conseguiremos tratar efetivamente os problemas sociais de nosso estado. Mas não há solução milagrosa, há propostas, algumas podem trazer resultados palpáveis, concretos e importantes, outras são apenas discurso para tentar conquistar o voto do eleitor. Eu, ainda acredito em projeto e trabalho duro, tanto que enquanto secretário de educação, apesar do pouco tempo que fiquei frente da secretaria, realizei políticas que efetivamente melhoram a educação do nosso estado, entretanto o passado de nosso estado, como a construção do Plano Estadual de Educação, fiz concurso publico para 17 mil novos servidores, implantação da comissão que elaborou o PCCR, hoje transformado em Lei Estadual, aumento no numero de bolsas disponíveis para Mestrado e Doutorado assim como seus valores, isonomia das gratificações entre as USIS e URIS, aumento para as gratificações para diretores, vice-diretores e secretários das unidades escolares, implantação do programa “Escolas Abertas” dentre outras ações. Entretanto, o passado de nosso estado é de anos de abandono e sucateamento da educação e não mudaremos isso como num passe de mágica, por isso é importante avaliar o projeto e a história de cada candidato.

3- Todos sabem que o orçamento para 2011 será definido ainda em 2010 e mesmo assim os candidatos dizem que terão dinheiro para resolver os problemas de algumas questões, como a segurança pública, por exemplo. Não seria mais fácil ter soluções mais assertivas? Ou esse clima de "só eu sei como fazer" faz parte do período eleitoral?
Bom, não posso discutir aqui o perfil de outros candidatos, posso falar sobre o meu, e eu não acredito que vale tudo para se eleger. Os problemas sociais de nosso estado se arrastam e são jogados para escanteio, tivemos governos que fizeram obras caras e não aproveitaram nossos recursos naturais, tornando-as não acessíveis as pessoas de menor renda, perpetuando o modelo de exclusão dos setores da população com menor valor aquisitivo. Por exemplo, por que ao invés de investirmos milhões nos vidros Italianos do Hangar, não compramos esses vidros de fabricas paraenses. Não adianta tentar enganar o eleitor com falsas promessas, hoje os Governos estão presos a Lei de Responsabilidade Fiscal, e não se pode fazer investimentos em determinado setor além do que a Lei “permite”, ou seja, não existe nenhuma possibilidade de Milagre. O que temos são projetos de médio e longo prazo. A exemplo nosso, o que o Lula, nosso presidente tem feito, não é milagre, faz parte de um projeto de nosso partido, PT, que verdadeiramente tem o pobre como principal ator das políticas publicas, não é por acaso que retiramos 24 milhões de pessoas da miséria e a socializamos através de políticas afirmativas. Antes, se falava que precisávamos aumentar o bolo para depois reparti-lo, hoje crescemos o bolo ao mesmo tempo que o dividimos e todos os setores da sociedade tem crescido.

4- Em seu manifesto público o senhor fala bastante da importância dos movimentos sociais para a construção de uma sociedade mais igualitária. Por que o senhor acredita nisso?
Minha militância política é forjada na construção dos Movimentos sociais, fiz parte da construção do Partido dos trabalhadores, organizado por muitos Movimentos que lutavam contra a Ditadura Militar, fiz parte da fundação da CUT, e nesses mais de 30 anos, tudo isso só me provou que apenas os Movimentos Sociais, são capazes de mudar a realidade social. Cada movimento, cada coletivo, reflete a base social que funda nossa sociedade, são os negros, jovens, estudantes, mulheres, professores, sindicalistas, LGBTs, que sofrem no dia a dia as dificuldades de sua classe, e somente eles organizados é que serão capazes de defender seus direitos. A nós políticos, fica a obrigação de darmos sustentabilidade a estes coletivos, sem os atrelarmos a nossa estrutura partidária. Dificilmente teremos uma sociedade de iguais, mas somente juntos podemos construir uma sociedade justa de iguais condições para todos e todas.

5- Naturalmente o senhor fez parte da construção do PT, no Pará e no Brasil, como é para o senhor ver os escândalos de seu partido se tornarem tão corriqueiros atualmente, como eram até pouco tempo atrás, "privilégios" somente de partidos de direita?
Nada justifica o erro, mas somos humanos e passiveis de errar. Um partido não é tão diferente, somos um coletivo, feito por pessoas, e às vezes essa pessoas erram, mas discordo que escândalos se tornaram corriqueiros no PT, o que acontece é que estamos nos maiores cargos de representação política, e isso, para vários setores de nosso país é quase uma agressão, eles não aceitam que trabalhadores “comuns” tenham tanta capacidade, para gerir, e gerir bem tantos espaços importantes. E todos os dias, com o uso de uma mídia claramente ante-petista, temos uma avalanche de falsas denuncias, tentativas de CPIs e materiais jornalísticas que superam a mentira.  E temos ainda que o PT por toda a sua história de luta em defesa da democracia e da ética, é muito mais cobrado que vários partidos, somos a esperança de muitos, prova disso é que 23% dos eleitores brasileiros votam exclusivamente em candidatos do Partido dos Trabalhares. Não somos donos de nenhuma verdade, mas é impossível separar centenas de conquistas desse país da historia destes 30 anos de um partido que defende cotidianamente a democracia e os movimentos sociais.

6- As "brigas" internas dentro do PT foram os motivos que o tiraram da Seduc?
De maneira alguma, o PT é verdadeira mente um partido plural, representamos a maior parte da população, somos homens e mulheres, negros e negras, trabalhadores e trabalhadoras, que atuam nos mais diversos setores, e com toda essa pluralidade, é quase impossível ter sempre unanimidade de pensamentos. Entretanto não há brigas, há disputas de opinião, que não impedem a luta por nosso projeto, descrito em nossa carta de intenções, no nosso manifesto de fundação e em todos os documentos públicos de nosso partido. Divergências, haverão sempre, e elas são importante para a construção do pensamento, como diz o Jargão “ a unanimidade é burra”.
No que diz respeito a minha saída da Seduc, foi uma opção coletiva para disputar a prefeitura de Belém, e não teria como fazer isso estando secretário de estado, então saí às ruas para construir a campanha, que infelizmente por diversos fatores, não teve o resultado esperado, mas como nada acontece por acaso, hoje me encontro candidato a Deputado Federal para representar todo esse Estado.

7- No governo de Edmilson Rodrigues, o senhor foi secretário de Administração, desta época suas lembranças são mais agradáveis?
O PT, teve um processo vitorioso na prefeitura de Belém, fomos a prefeitura mais premiada do Brasil na época, e fico feliz por ter dado condições para que varias dessas vitorias pudessem ter acontecido. Apesar de todas as dificuldades, principalmente pela perseguição de nosso Governo Estadual na época, conseguimos mudar a cara da cidade. Essa experiência e as vitorias conquistadas, são com certeza lembranças importantes. Para pessoas como eu, é muito importante saber que seu trabalho e esforço serviu para ajudar a vida do Povo. No governo estadual – SEDUC – não foi diferente como já relatado, fomos capazes de implantar ações de curto, médio e longo prazo, que seguidas conforme planejamento formulado coletivamente com todos os setores ligados a educação, irão com certeza elevar o IDEB de nosso estado.

8- Facilmente encontramos discursos políticos que enfatizam bem "a força do povo", "só o povo tem o poder de mudar", "o voto é a arma do povo". O senhor acredita nisso? Se sim, a que o senhor atribui ao percentual mínimo de renovação no executivo e legislativo?
A Força do povo é sem duvida fundamental para a construção de nossa sociedade, em todos os momentos da historia em que o povo se uniu, conseguisse conquistar verdadeiras mudanças, mesmo contra os algozes do mundo, cenas como um estudante que para um tanque com o peito na China, os “caras pintadas no Brasil” ou o movimento contra a guerra do Vietnã, são prova disso. De outro lado, a renovação tem aumentado, talvez a passos curtos, mas isso também faz parte do modelo político brasileiro, urge a necessidade da uma verdadeira reforma política. Infelizmente, aqueles que muitas vezes se perpetuam no poder, é porque tem auto poder econômico para pagar campanhas caras e não por conta de sua atuação em seus mandatos. Por isso defendo a urgência na reforma política, com financiamento publico e com um modelo diferente do atual.
Mas o que deve de fato ser discutido não esta simplesmente na renovação dos quadros, esta principalmente ligado a atuação dos quadros, pois de nada adianta renovarmos se for para colocar pessoas que pensam política como forma de galgar poder ou desejos e vantagens individuais. Precisamos de parlamentares atuantes, que defendam nosso estado com o amor e respeito que este merece, chega de baixar a cabeça para o Sul e Sudeste, o Pará é um estado estratégico para nosso país e deve ser tratado com tal, para isso precisa de representantes fortes e dispostos, a demonstrar a seus pares no Congresso Nacional, que o estado do Pará será nas próximas décadas o Estado mais importante para o crescimento do Brasil (conta com vasto recurso de energia, minerais, água potável, flora e fauna rica), logo quero ser um dos dezessete representantes em Brasília para defender nosso Pará e seus habitantes.

9- O Estatuto da Juventude, em que pé está?
 Enquanto estive deputado estadual, junto com um grande coletivo que me apoiava, apresentamos o Estatuto da Juventude com os objetivos de garantir políticas publicas para a juventude e proporcionar aos jovens, através de audiências públicas a participação direta na elaboração do projeto final, que será apreciado e aprovado pela ALEPA – Assembléia Legislativa do Estado do Pará. Acreditamos que o projeto esteja tramitando na ALEPA, porém a juventude deve cobrar de nossos deputados para darem continuidade a este projeto.

10- A biopirataria, o desmatamento, o aquecimento global, como o senhor resolveria a grave questão ambiental da Amazônia?
O governo Federal combinando com o governo estadual, tem tomado varias medidas para tentar resolver esses graves problemas, tais como: a implantação do SIPAM – Sistema de Proteção da Amazônia, que vai além de sua finalidade que é o tráfego aéreo, pois representa um avanço tecnológico de controle de toda a Amazônia; o Macro-zoneamento do estado, e precisamos avançar no micro-zoneamento, além de continuar difundindo as áreas de preservação de nosso ecossistema amazônico; precisamos verticalizar a industria da madeira, com a finalidade de criar mais empregos e adensar valores econômicos nesse setor da economia; investir cada vez mais na tecnologia, para conhecermos e fiscalizarmos nossos ecossistemas. Se necessário, punir aqueles que querem continuar a margens da Lei e que buscam explorar as riquezas naturais destruindo o meio ambiente. Criarmos bases das Forças Armadas em todo o território amazônico, que aliado a tecnologia, possa garantir uma intensa fiscalização e preservação de nossa Amazônia.




terça-feira, 10 de agosto de 2010

EDMILSON RODRIGUES - Candidato a Deputado Estadual








Edmilson Rodrigues é paraense de Belém do Pará, professor, arquiteto, ex-prefeito de Belém e militante da luta popular pelo socialismo. É Arquiteto graduado pela Universidade Federal do Pará com especialização em desenvolvimento de Áreas Amazônicas e mestrado em Planejamento do Desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos. Atualmente está em fase conclusiva do seu curso de doutorado em Geografia com sua tese sobre “Território e soberania: a Região Amazônica e o processo de privatização da água vista como norma estratégica do globalitarismo”. Também é professor do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA. Edmilson Rodrigues foi eleito deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores – PT em dois mandatos. Ainda pelo PT foi eleito prefeito municipal de Belém do Pará também para dois mandatos (1997-2000 e 2001-2004). Em setembro de 2005 se desfilou do PT e ingressou no PSOL. É autor dos livros “Aventura Urbana: urbanização trabalho e meio-ambiente”; “Os Desafios da Metrópole: reflexões sobre o desenvolvimento para Belém” “Estado Nacional Cidades e Desenvolvimento”; “Do Mito da Sustentabilidade Capitalista à construção Social da Utopia”; e “La città uma nuova cultura collaborativa il potere populare”. Como co-autor participou da elaboração dos livros “Tembé-Tenetehara: a nação resiste (Relatório final da Comissão Especial de Estudos sobre os índios Tembé Tenetehara da Reserva Indígena do Alto Rio Guamá no Pará)”; “Congresso da Cidade: construir o poder popular reinventando o futuro” (editado também em francês e italiano); “Luzes na floresta: o governo democrático popular em Belém (1997/2001)”; “Cooperação e relações internacionais”; “Reflexiones sobre la ciudad y su gestión”; “Instituições políticas no socialismo”; “Desafios do poder local: o modo petista de governar”; e “Reflexões sobre o PT e o poder local”.


ENTREVISTA AO BOCA DE FERRO:


1- Há quanto tempo o senhor está afastado deste clima de eleição? E o que o motivou a tornar-se candidato este ano?
 Na verdade, nunca me afastei da política.
Após os dois mandatos como prefeito de Belém, período em que tive o privilégio de coordenar  o governo municipal mais premiado de todo o Brasil, sentia a necessidade de continuar minha formação, já que sou professor.
Assim, cursei o doutorado na USP em Geografia Humana durante alguns anos e agora estou de volta ao Pará. Porém, viajei o país a convite para colaborar politicamente com os mais diversos movimentos sociais e com o próprio PSOL.

2- O que lhe faz crer que seu objetivo, neste pleito, será alcançado?
 Trata-se de um objetivo coletivo. Minha candidatura a deputado estadual pelo PSOL faz parte da estratégia de um partido novo que luta por resgatar a utopia da luta socialista e, ao mesmo tempo, elevar o nível de consciência e organização do povo.
Ao longo das últimas décadas, desde muito jovem ainda durante o período final da ditadura militar, tenho participado ativamente das lutas sociais e políticas.
Sou fundador e primeiro presidente do Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará); fui fundador da CUT e do PT, partido em que militei por mais de 25 anos.
Por duas vezes fui eleito deputado estadual e, como disse, meu nome esteve no centro de um belo projeto de transformação política e cultural que realizamos em Belém, com a primeira vitória em 1996 e a reeleição em 2000,
Toda essa trajetória me dá muito orgulho e a certeza de que a população paraense tem grande consideração por nosso nome e deve nos reconhecer nas urnas em 3 de outubro.

3- No seu blog o senhor falar de uma saudade do que ainda não foi feito e garante que agora o fará. Qual seria motivo desta saudade?
O  Blog Somos Todos Edmilson foi uma iniciativa de dezenas de amigos e companheiros de lutas e conquistas, verdadeiros poetas da liberdade e da felicidade. É um espaço democrático e voltado a disseminar ideias críticas pela blogosfera, este importante espaço de disputa contra-hegemônica.
Trata-se de um olhar algo poético sobre o que fizemos. E não se faz luta sem poesia, sem amor pelo gênero humano.
Fizemos muito, mas ainda temos muito por fazer. E faremos, com o apoio e participação do povo, com certeza. 

 4- Na época em que o senhor foi eleito, em 1996, poucos acreditavam numa vitória do seu partido e, no entanto ela aconteceu. Naquela época, e agora o senhor acha que o povo, aquele que elege de fato, estava, e está preparado para uma mudança verdadeira na política brasileira? 
Nossa vitória em 1996 não foi um acidente. Tão pouco se deveu apenas ou principalmente pela divisão entre candidaturas da direita.
A eleição do primeiro trabalhador, filho e neto de trabalhador, para prefeito da mais importante metrópole amazônica respondeu, isto sim, a um longo acúmulo de forças, iniciado quase 20 anos antes, quando os movimentos sociais se levantaram contra a ditadura militar e se habilitaram a ocupar espaços na chamada redemocratização.
Como socialista, tenho fé no futuro. Tenho fé na capacidade criadora e transformadora do povo que vive de seu próprio trabalho.
Os avanços ocorrem de forma contraditória, mas ocorrem. Basta ter olhos para perceber.
O povo brasileiro vive um momento dramático. E, é importante reconhecer, muitos não se dão conta disso. 
O clima geral é ainda favorável às forças conservadoras e neoliberais. Mas a história não possui um fim, nem as aspirações pela verdadeira mudança se deterá diante de nenhum muro intransponível.

5- Ainda nesta época a classe dos professores vibrou muito com sua vitória, talvez na esperança de enfim implementar o Estatuto do Magistério. Por quê isso não aconteceu?
O estatuto do magistério foi uma conquista dos trabalhadores em educação que eu ajudei a viabilizar como dirigente do sintepp  e como Deputado Estadual. O nosso governo, além de implementá-lo avançou em vários aspectos importantes. Qualquer professor da Semec reconhece. A pergunta é sem fundamento. Nosso governo em Belém foi o que maiores avanços e conquistas assegurou para os trabalhadores em educação. Disso não há dúvida.
Fizemos mais do que valorizar o magistério. Valorizamos a educação e o cuidado com as crianças como uma opção estratégica. Os prêmios que recebemos - inclusive de Prefeito Criança - estão aí para atestar esse fato.
Mas é evidente que muito ainda precisa ser feito. E nossos compromissos com uma educação pública, democrática e de qualidade permanecem atuais, e estarão embasando nossa atuação nesta campanha e no mandato que tenho esperança de conquistar com o amplo apoio do eleitorado paraense. 

6- O senhor fez parte da construção de um partido que fez história na política no Brasil. Diante de todos os escândalos que envolveram o PT, o senhor acredita de fato que é possível a população confiar em discursos “socialistas”?
Ser socialista é uma opção de vida. Não existe socialista entre aspas.
O PT no governo, a partir de 2003, frustrou as esperanças despertadas pela primeira eleição de Lula.
Isso se deveu ao abandono de seu programa e à adesão aos postulados do chamado Consenso de Washington.
A população deve preservar sua esperança no futuro. E o futuro da humanidade é o socialismo.
Em 2005, quando já não havia qualquer possibilidade de alterar a situação do PT "por dentro", eu e um grande número de militantes de todo o país resolvemos sair do partido e fundar uma nova alternativa. E esse projeto é o PSOL, Partido Socialismo e Liberdade.

7- Um destaque chamou a atenção em seu blog, o livro que Fidel Castro lançou. O que teríamos (o povo brasileiro) a aprender com esta obra?
Cuba, esta pequena território rebelde cercado pela violência do grande capital por todos os lados, deve permanecer como um exemplo a iluminar a luta dos socialistas.
Claro, devemos entender os processos históricos, inclusive quanto aos seus limites.
O que inegável é o extraordinário avanço social e político alcançado justamente após a decisão de romper com o imperialismo e de construir, com todas as dificuldades do cerco que já dura mais de 50 anos, uma forma alternativa de organização social e política.

 8- Com a eleição de Barack Obama o mundo percebeu que a internet é um veículo eficiente para conquistar eleitores e financiadores. O senhor se inspirou nele para pedi ajuda a seus simpatizantes?
Obama é a não mudança. É uma face renovada de uma velha política dos oligopólios e do capital financeiro mundial. Esses primeiros períodos de seu mandato já demonstram isso, frustrando aqueles que acreditaram em suas promessas de renovação política.
Entretanto, é verdade que ele utilizou bem o espaço da internet em sua campanha, inclusive no tocante à incorporação ampliada dos eleitores e apoiadores. 

 9- Vale tudo para garantir a vitória em uma eleição? Parcerias, alianças, enfim, vale tudo para o “bem do povo”?
Não, não vale tudo.
A política dos socialistas está sempre amparada por um firme compromisso com o programa de mudanças e por uma intransigente defesa do patrimônio público.
As alianças que estamos vendo por aí - espúrias e indefensáveis - são todas contra o povo.
É contra esse tipo de política que o PSOL se insurge.

 10- Sua tese de doutorado teve o título “Território e Soberania na Globalização”. Nós que moramos na maior floresta tropical do mundo, tão cobiçada por todos, temos chances de garantir nosso espaço e nossa soberania? Como?
A pergunta exige uma resposta muito mais ampla, que foge ao escopo desse nosso bate-papo.
A soberania do povo brasileiro deveria ser o tema central dessas eleições.
Nós, amazônidas, temos um papel fundamental dessa batalha, porque é aqui exatamente que se joga a batalha do futuro. 


11- O clichê “o jovem é o futuro do Brasil” tem algum fundo de verdade? O que fazer para que isso se torne real?
A juventude carrega em si um enorme potencial de se converter em instrumento das transformações sociais e políticas.
Mas é um tanto ingênuo tratar juventude no geral, sem qualificar melhor o termo.
Estamos falando da juventude pobre e daquela que vive de seu próprio suor.
Estamos falando da verdadeira faxina étnica que o capitalismo opera em nosso país, sacrificando ano após anos milhares de jovens, negros em sua grande maioria.
Por isso, a questão da juventude e a luta por sua organização deve ocupar espaço prioritário na campanha e na ação política dos socialistas. E é por isso que o PSOL e minha campanha em particular tratam desse tema com muito carinho.