terça-feira, 24 de agosto de 2010

PROFESSOR MÁRIO - Candidato a Deputado Federal

Licenciado Pleno em Matemática pela Universidade Federal do Pará e Pós Graduado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), São Paulo, em 1981 com Mestrado em Matemática Aplicada. Atualmente é professor adjunto IV da UFPa e UEPa. Em sua trajetória política ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores - PT em nosso Estado. No movimento Sindical participou da fundação da CUT, Vice-Norte da ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes (89/90) e presidente da ADUFPa (92), em 95/96 tornou-se vereador de Belém, com destacada atuação no parlamento, Reitor eleito (96), na UEPA, não tomou posse devido a perseguição política do Governo Almir Gabriel. Participou da coordenação de campanha eleitoral vitoriosa do Prefeito Edmilson Rodrigues (1996), tornando-se Secretário de Administração no período 1997/1998. Eleito em 1998, deputado Estadual, sendo reeleito em 2002. Candidato ao Senado em 2006, obtendo aproximadamente novecentos mil votos. Em 2007, foi Secretário Estadual de Educação. Em 2008 candidato a Prefeitura de Belém pelo Partido dos Trabalhadores. 
(fonte: amigosdoprofessormariocardoso@gmail.com)


Entrevista ao Boca de Ferro




1- Hoje apesar de um relativo acesso fácil à informação, os jovens não conseguem ter uma consciência política sólida, como há décadas atrás. O que mudou de lá pra cá? Por que os estudantes, por exemplo, não conseguem se mobilizar como antes?

Não concordo que o jovem não tem uma consciência política, tanto que a Juventude Brasileira continua sendo protagonista de uma centena de vitorias e transformações sociais, só que agora não há uma bandeira única, cada jovem se organiza a partir de seu segmento (mulheres, LGBT, Hip Hop, cultura....). Mas concordo que nem tudo são rosas, pois apesar de estarmos num mundo de muita informação, dito globalizado, o fato é que ainda estamos sob a égide do mesmo sistema, que além de excludente, se fundamenta na promoção da superficialidade e individualidade. Na verdade, o jovem apenas acompanha o reflexo do avanço desse sistema, que impunha a ele uma nova conjuntura, onde os desejos individuais são mais importantes que as conquistas coletivas.


Obvio que isso não acontece por acaso, vimos governos passados, ajudados pela grande mídia, tratarem os jovens organizados como baderneiros, vagabundos, vândalos, criando um sentimento de que a mobilização é fruto de “esquerdismo” e não de construção social. No período da ditadura, por exemplo, os jovens tinham uma única bandeira para seguir, era à luta pela liberdade, hoje as bandeiras não estão especificas e a pluralidade da juventude dificulta sua organização, também é fato que nos anos de governo FHC as ferramentas de organizações juvenis foram fortemente atacadas, somando ao declínio da educação, começaram a tratar o jovem, antes protagonistas das mudanças sociais, como mero expectadores televisivos de programas com muito entretenimento e quase nenhuma cultura.
Mas a juventude ainda é corajosa, garantiram políticas como as cotas, ocuparam o Senado Federal, organizaram passeatas, agora mesmo, os estudantes brasileiros se mobilizam para lutar pela cota do Pré-Sal, para 50% de sua arrecadação seja vinculada a educação. Na nossa própria campanha à Deputado Federal, temos vário jovens a frente nossa coordenação de campanha.

 2- Em ano de eleição é fácil encontrar candidatos que dizem ter a solução para as questões básicas, como saúde e educação, mas quando assumem além de não resolver tais problemas ainda culpam a administração anterior. Por que isso acontece?
O fato é que a resposta para esses problemas são quase as mesmas, a final essas questões estão presentes e assumem uma das maiores dificuldades sociais de nosso país desde nosso descobrimento. A diferença esta no trato com a administração publica, eu ainda acredito que só com seriedade, projeto, e muito trabalho é que conseguiremos tratar efetivamente os problemas sociais de nosso estado. Mas não há solução milagrosa, há propostas, algumas podem trazer resultados palpáveis, concretos e importantes, outras são apenas discurso para tentar conquistar o voto do eleitor. Eu, ainda acredito em projeto e trabalho duro, tanto que enquanto secretário de educação, apesar do pouco tempo que fiquei frente da secretaria, realizei políticas que efetivamente melhoram a educação do nosso estado, entretanto o passado de nosso estado, como a construção do Plano Estadual de Educação, fiz concurso publico para 17 mil novos servidores, implantação da comissão que elaborou o PCCR, hoje transformado em Lei Estadual, aumento no numero de bolsas disponíveis para Mestrado e Doutorado assim como seus valores, isonomia das gratificações entre as USIS e URIS, aumento para as gratificações para diretores, vice-diretores e secretários das unidades escolares, implantação do programa “Escolas Abertas” dentre outras ações. Entretanto, o passado de nosso estado é de anos de abandono e sucateamento da educação e não mudaremos isso como num passe de mágica, por isso é importante avaliar o projeto e a história de cada candidato.

3- Todos sabem que o orçamento para 2011 será definido ainda em 2010 e mesmo assim os candidatos dizem que terão dinheiro para resolver os problemas de algumas questões, como a segurança pública, por exemplo. Não seria mais fácil ter soluções mais assertivas? Ou esse clima de "só eu sei como fazer" faz parte do período eleitoral?
Bom, não posso discutir aqui o perfil de outros candidatos, posso falar sobre o meu, e eu não acredito que vale tudo para se eleger. Os problemas sociais de nosso estado se arrastam e são jogados para escanteio, tivemos governos que fizeram obras caras e não aproveitaram nossos recursos naturais, tornando-as não acessíveis as pessoas de menor renda, perpetuando o modelo de exclusão dos setores da população com menor valor aquisitivo. Por exemplo, por que ao invés de investirmos milhões nos vidros Italianos do Hangar, não compramos esses vidros de fabricas paraenses. Não adianta tentar enganar o eleitor com falsas promessas, hoje os Governos estão presos a Lei de Responsabilidade Fiscal, e não se pode fazer investimentos em determinado setor além do que a Lei “permite”, ou seja, não existe nenhuma possibilidade de Milagre. O que temos são projetos de médio e longo prazo. A exemplo nosso, o que o Lula, nosso presidente tem feito, não é milagre, faz parte de um projeto de nosso partido, PT, que verdadeiramente tem o pobre como principal ator das políticas publicas, não é por acaso que retiramos 24 milhões de pessoas da miséria e a socializamos através de políticas afirmativas. Antes, se falava que precisávamos aumentar o bolo para depois reparti-lo, hoje crescemos o bolo ao mesmo tempo que o dividimos e todos os setores da sociedade tem crescido.

4- Em seu manifesto público o senhor fala bastante da importância dos movimentos sociais para a construção de uma sociedade mais igualitária. Por que o senhor acredita nisso?
Minha militância política é forjada na construção dos Movimentos sociais, fiz parte da construção do Partido dos trabalhadores, organizado por muitos Movimentos que lutavam contra a Ditadura Militar, fiz parte da fundação da CUT, e nesses mais de 30 anos, tudo isso só me provou que apenas os Movimentos Sociais, são capazes de mudar a realidade social. Cada movimento, cada coletivo, reflete a base social que funda nossa sociedade, são os negros, jovens, estudantes, mulheres, professores, sindicalistas, LGBTs, que sofrem no dia a dia as dificuldades de sua classe, e somente eles organizados é que serão capazes de defender seus direitos. A nós políticos, fica a obrigação de darmos sustentabilidade a estes coletivos, sem os atrelarmos a nossa estrutura partidária. Dificilmente teremos uma sociedade de iguais, mas somente juntos podemos construir uma sociedade justa de iguais condições para todos e todas.

5- Naturalmente o senhor fez parte da construção do PT, no Pará e no Brasil, como é para o senhor ver os escândalos de seu partido se tornarem tão corriqueiros atualmente, como eram até pouco tempo atrás, "privilégios" somente de partidos de direita?
Nada justifica o erro, mas somos humanos e passiveis de errar. Um partido não é tão diferente, somos um coletivo, feito por pessoas, e às vezes essa pessoas erram, mas discordo que escândalos se tornaram corriqueiros no PT, o que acontece é que estamos nos maiores cargos de representação política, e isso, para vários setores de nosso país é quase uma agressão, eles não aceitam que trabalhadores “comuns” tenham tanta capacidade, para gerir, e gerir bem tantos espaços importantes. E todos os dias, com o uso de uma mídia claramente ante-petista, temos uma avalanche de falsas denuncias, tentativas de CPIs e materiais jornalísticas que superam a mentira.  E temos ainda que o PT por toda a sua história de luta em defesa da democracia e da ética, é muito mais cobrado que vários partidos, somos a esperança de muitos, prova disso é que 23% dos eleitores brasileiros votam exclusivamente em candidatos do Partido dos Trabalhares. Não somos donos de nenhuma verdade, mas é impossível separar centenas de conquistas desse país da historia destes 30 anos de um partido que defende cotidianamente a democracia e os movimentos sociais.

6- As "brigas" internas dentro do PT foram os motivos que o tiraram da Seduc?
De maneira alguma, o PT é verdadeira mente um partido plural, representamos a maior parte da população, somos homens e mulheres, negros e negras, trabalhadores e trabalhadoras, que atuam nos mais diversos setores, e com toda essa pluralidade, é quase impossível ter sempre unanimidade de pensamentos. Entretanto não há brigas, há disputas de opinião, que não impedem a luta por nosso projeto, descrito em nossa carta de intenções, no nosso manifesto de fundação e em todos os documentos públicos de nosso partido. Divergências, haverão sempre, e elas são importante para a construção do pensamento, como diz o Jargão “ a unanimidade é burra”.
No que diz respeito a minha saída da Seduc, foi uma opção coletiva para disputar a prefeitura de Belém, e não teria como fazer isso estando secretário de estado, então saí às ruas para construir a campanha, que infelizmente por diversos fatores, não teve o resultado esperado, mas como nada acontece por acaso, hoje me encontro candidato a Deputado Federal para representar todo esse Estado.

7- No governo de Edmilson Rodrigues, o senhor foi secretário de Administração, desta época suas lembranças são mais agradáveis?
O PT, teve um processo vitorioso na prefeitura de Belém, fomos a prefeitura mais premiada do Brasil na época, e fico feliz por ter dado condições para que varias dessas vitorias pudessem ter acontecido. Apesar de todas as dificuldades, principalmente pela perseguição de nosso Governo Estadual na época, conseguimos mudar a cara da cidade. Essa experiência e as vitorias conquistadas, são com certeza lembranças importantes. Para pessoas como eu, é muito importante saber que seu trabalho e esforço serviu para ajudar a vida do Povo. No governo estadual – SEDUC – não foi diferente como já relatado, fomos capazes de implantar ações de curto, médio e longo prazo, que seguidas conforme planejamento formulado coletivamente com todos os setores ligados a educação, irão com certeza elevar o IDEB de nosso estado.

8- Facilmente encontramos discursos políticos que enfatizam bem "a força do povo", "só o povo tem o poder de mudar", "o voto é a arma do povo". O senhor acredita nisso? Se sim, a que o senhor atribui ao percentual mínimo de renovação no executivo e legislativo?
A Força do povo é sem duvida fundamental para a construção de nossa sociedade, em todos os momentos da historia em que o povo se uniu, conseguisse conquistar verdadeiras mudanças, mesmo contra os algozes do mundo, cenas como um estudante que para um tanque com o peito na China, os “caras pintadas no Brasil” ou o movimento contra a guerra do Vietnã, são prova disso. De outro lado, a renovação tem aumentado, talvez a passos curtos, mas isso também faz parte do modelo político brasileiro, urge a necessidade da uma verdadeira reforma política. Infelizmente, aqueles que muitas vezes se perpetuam no poder, é porque tem auto poder econômico para pagar campanhas caras e não por conta de sua atuação em seus mandatos. Por isso defendo a urgência na reforma política, com financiamento publico e com um modelo diferente do atual.
Mas o que deve de fato ser discutido não esta simplesmente na renovação dos quadros, esta principalmente ligado a atuação dos quadros, pois de nada adianta renovarmos se for para colocar pessoas que pensam política como forma de galgar poder ou desejos e vantagens individuais. Precisamos de parlamentares atuantes, que defendam nosso estado com o amor e respeito que este merece, chega de baixar a cabeça para o Sul e Sudeste, o Pará é um estado estratégico para nosso país e deve ser tratado com tal, para isso precisa de representantes fortes e dispostos, a demonstrar a seus pares no Congresso Nacional, que o estado do Pará será nas próximas décadas o Estado mais importante para o crescimento do Brasil (conta com vasto recurso de energia, minerais, água potável, flora e fauna rica), logo quero ser um dos dezessete representantes em Brasília para defender nosso Pará e seus habitantes.

9- O Estatuto da Juventude, em que pé está?
 Enquanto estive deputado estadual, junto com um grande coletivo que me apoiava, apresentamos o Estatuto da Juventude com os objetivos de garantir políticas publicas para a juventude e proporcionar aos jovens, através de audiências públicas a participação direta na elaboração do projeto final, que será apreciado e aprovado pela ALEPA – Assembléia Legislativa do Estado do Pará. Acreditamos que o projeto esteja tramitando na ALEPA, porém a juventude deve cobrar de nossos deputados para darem continuidade a este projeto.

10- A biopirataria, o desmatamento, o aquecimento global, como o senhor resolveria a grave questão ambiental da Amazônia?
O governo Federal combinando com o governo estadual, tem tomado varias medidas para tentar resolver esses graves problemas, tais como: a implantação do SIPAM – Sistema de Proteção da Amazônia, que vai além de sua finalidade que é o tráfego aéreo, pois representa um avanço tecnológico de controle de toda a Amazônia; o Macro-zoneamento do estado, e precisamos avançar no micro-zoneamento, além de continuar difundindo as áreas de preservação de nosso ecossistema amazônico; precisamos verticalizar a industria da madeira, com a finalidade de criar mais empregos e adensar valores econômicos nesse setor da economia; investir cada vez mais na tecnologia, para conhecermos e fiscalizarmos nossos ecossistemas. Se necessário, punir aqueles que querem continuar a margens da Lei e que buscam explorar as riquezas naturais destruindo o meio ambiente. Criarmos bases das Forças Armadas em todo o território amazônico, que aliado a tecnologia, possa garantir uma intensa fiscalização e preservação de nossa Amazônia.




2 comentários:

  1. Sem suspeição alguma, o prof. Mario é realmente um candidato nato, pronto, preparado e compromissado com as causas populares! Seu conhecimento geral da situação de nossa população o coloca numa posição privilegiada diante de tantos outros que não possuem o peso de sua história em defesa de uma nova sociedade! Parabéns à CUFA por nos dar essa oportunidade de conhecer mais um pouco a vida desse trabalhador de luta!

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